Armas de destruição em massa

Todos nós conhecemos Alunos que fazem da atividade física um hábito. Eles estão lá de manhã cedo, no feriado, na sexta-feira de noite. Provavelmente a imagem deles acabou de passar pela sua cabeça.

Eu me lembro de um amigo cardiologista que todos os dias treinava. Nos congressos médicos é difícil achar tempo para isso. Fiquei curioso e perguntei o motivo dele sempre treinar. A resposta foi chocante. 

Eu me sinto sujo se eu não treinar.

Nas disciplinas do mestrado em Educação Física eu comecei a entender o motivo pelo qual algumas pessoas desenvolvem este hábito saudável e tão recompensador. Hormônios!

Ok, não são só os hormônios, mas eles são fundamentais na manutenção prolongada do hábito. 

Decidi experimentar e sair da teoria. Comecei aos 37 anos a caminhar, deu certo, virei corredor. Oito quilômetros, seis vezes por semana. Foi uma época muito boa e me lembro até hoje da fissura que eu sentia quando não podia correr.

Era difícil não treinar. 

Em sua academia você já deve ter aproximadamente 25 % dos Alunos que chegaram neste estágio. Imagine se nós conseguíssemos trazer este número até 50 % e depois 75 %.

Nossa indústria iria se tornar lucrativa em um ano e triplicar de tamanho em cinco anos. 

Como podemos fazer para desenvolver o hábito de treinar em muitas pessoas?

Felizmente para nós existem muitas pessoas que dedicam a vida ao aprendizado dos processos de criação de hábitos. São os Psicólogos.

Ultimamente tenho conversado com uma amiga Psicóloga, especializada em Fitness, mais especificamente no desenvolvimento do hábito de treinar.

Uma das coisas que já aprendi com a Cláudia é que devemos evitar ao máximo os estímulos aversivos. Vamos ao dicionário:

Estímulo aversivo é algo que causa desprazer, algo que cause um incômodo, como dor física, constrangimento, dor emocional, etc.

Em outras palavras são ARMAS DE DESTRUIÇÃO EM MASSA.

Destroem a chance de dezenas de milhões de pessoas se tornarem ativas. Fazem isso ao afastar de nossas academias os Alunos sedentários.

O conceito de estímulo aversivo tem tudo a ver com o futuro das academias. Nesta série de artigos, que se encerra hoje, o tema versa sobre os estímulos aversivos que entregamos para nossos Alunos iniciantes.

Só para lembrar alguns deles dos quais já falamos: marketing mal feito, venda amadora, dor no primeiro treino, avaliação física mal feita e não utilizada

Dentro do nosso saco de maldades ainda temos algumas cartas na manga, que costumamos jogar para garantir a perda continuada de sedentários:

  • diminuir a imunidade deles com intensidade errada de exercícios, nada como uma gripe nas duas primeiras semanas;
  •  não avaliar o que interessa, ignorando o primeiro princípio do treinamento, a Individualidade Biológica. 
  • prescrever unicamente musculação, ser vago na prescrição de flexibilidade e cardiorrespiratório;
  • esquecer o Aluno com a mesma ficha por meses a fio. Esquecer o nome dele, esquecer quando ele some, esquecer de reavaliar. Enfim, fazer do esquecimento o nosso modus operandi.

Sempre é bom lembrar que eu estou falando da realidade de muitas academias, não da sua em particular, eu sei que você não concorda com isso e combate todos os dias. 

Na nossa academia decidimos experimentar um outro modus operandi. Eis o passo a passo:

  • eliminar ou combater fortemente os estímulos aversivos. Sem dor, cada treino tem que ser uma vitória pessoal para o sedentário;
  • todos, repito, todos, tem avaliação física e reavaliação sempre que necessário. Não qualquer avaliação, mas uma que agrega valor;
  • sempre prescrevemos os três treinos, flexibilidade, musculação e cardiorrespiratório.
  • Utilizamos periodização nos treinos de musculação e cardiorrespiratório;
  • combinar uma meta para os doze primeiros treinos que seja viável para o Aluno;
  • proibimos malhação, nossos Alunos são sedentários, eles só podem treinar. Ainda não tem aptidão física para malhar;
  • lembra dos hormônios? Pois é, favorecemos a modulação hormonal com um treino baseado em frequência cardíaca.

Provavelmente você pensou em uma academia de alguns milhões de dólares, cheia de professores topo de linha e com fisiologistas de jaleco branco.

Nada mais distante de nossa realidade de baixo custo, poucos equipamentos e equipe pequena, embora preparada. 

Somos mais uma coisa: a única academia de código aberto do mundo. Se você não sabe o que isso quer dizer, quer dizer que você é bem-vindo para conhecer e para utilizar todos os métodos que quiser, do seu jeito e sem se preocupar com pagamento algum.

Algumas academias já vieram visitar, quase todas ainda não vieram. Duas já estão pensando em montar seus próprios centros Fênix, uma em Recife e outra em Brasília. Você é bem-vindo também!

Numa visita esta semana em uma academia, um amigo me disse que estamos sendo chamados de loucos. Isso é bom, emoção e posicionamento é o começo do questionamento sobre as nossas próprias certezas.

Escrever sobre nossos problemas é sempre um desafio, digamos que não é muito bom para a popularidade. Mas escrever sobre soluções apaga um pouco esta má impressão.

Se ajuda um pouco a aceitar que somos parte do futuro, vou contar onde foi que vimos a ideia em ação. Muitos anos atrás eu fiz um treinamento em Phoenix, Arizona. Meu amigo Paul Robbins, um dos melhores fisiologistas do exercício dos Estados Unidos, me mostrou como se faz.

Hoje a academia na qual fiz o treinamento se tornou uma rede, Exos, com mensalidades que chegam até 3 mil dólares. Um detalhe legal é que eles utilizam a tecnologia produzida por nossa empresa até hoje. Softwares e hardwares brasileiros, temos muito orgulho disso.

Nossa missão é que todos no mundo sejam fisicamente ativos. Acreditamos que o melhor lugar do mundo para se aprender a treinar é dentro de academias. 

Acreditamos que a indústria do século XXI será o Fitness, somos otimistas quanto aos lucros futuros que teremos, enquanto fazemos o bem para as pessoas.

Venha fazer parte desta revolução, as pessoas precisam de você!

Abraços,

Fernando Teixeira

P.S. somente hoje ao escrever o artigo notei que o nome do nosso centro de treinamento, Fênix, veio do fato subconsciente de que o treinamento original foi em Phoenix.

Fernando Teixeira