LAN HOUSE
As Lan Houses fazem parte da nossa história recente. Mas será que a história desse tipo de empreendimento traz lições para os nossos próprios negócios?
Elas começaram na Coréia do Sul em 1996, mesma época em que as academias começaram a virar uma tendência também.
No Brasil a coisa começou em 1998, até rápido pelos nossos padrões. E poucos tipos de empreendimentos cresceram tão rápido e se espalharam pelo país inteiro.
Em 2008, segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil, 52% dos brasileiros utilizavam esse tipo de estabelecimento.
Uau, 52 % dos Brasileiros em 10 anos.
Eu não tenho que descrever para você como era uma Lan House, você está entre os 52 % quase com certeza. Ao invés disso vou analisar a oferta deles sob um ponto de vista mais estratégico.
Estas pequenas empresas surgiram baseadas no interesse associado com a escassez. Todo mundo queria acessar a internet e ela era escassa e cara. Eis a oferta das Lan Houses:
- acesso à internet rápido e conveniente;
- acesso à computadores melhores e a softwares e games;
- custo acessível;
- ambiente apropriado;
- formação de pequenas comunidades, tais como gamers jogando juntos;
- disponibilidade em todo o Brasil.
Elas foram um negócio tocado por empreendedores pequenos e de muitas empresas. Mas nunca houve uma cadeia de Lan Houses significativa.
É justo dizer que, como muitos pequenos negócios, elas traziam lucratividade de subsistência. Algo como um auto emprego para os donos.
Pelo lado positivo a inclusão digital no Brasil não pode ser compreendida sem o fenômeno das lan houses. Poucas indústrias foram tão úteis para a sociedade e entregaram tanto valor por um custo tão acessível.
Hoje, 19 anos após o início, elas são uma sombra do que foram. Ainda existem, mas não são mais relevantes como segmento de negócio.
Os motivos para a extinção das Lan Houses foram o aumento da renda média, a crescente disponibilidade de internet de baixo custo e os smartphones.
Pode-se dizer que elas perderam para novas formas baseadas em Low Cost.
Mas elas realmente morreram? Não, elas se transformaram em outros negócios, e o faturamento não só cresceu mas se multiplicou dezenas de vezes. Só os donos que mudaram.
Sabe porque o ramo continuou relevante e não morreu com elas?
Porque as necessidades dos Clientes não só continuaram como cresceram muito. Hoje todos nós temos uma Lan House nas mãos e muitos adolescentes transformaram seus quartos em mini Lan Houses.
Vamos traçar um paralelo com as Academias. Eis a oferta estratégica das academias:
- acesso à atividade física rápido e conveniente;
- acesso à equipamentos melhores e a profissionais;
- custo acessível;
- ambiente apropriado;
- formação de pequenas comunidades, tais como praticantes treinando juntos;
- disponibilidade em todo o Brasil.
Parecido né?
Só que o final não tem que ser igual. O motivo para isso é que a atividade física, como o nome já diz, é física. Claro que o digital importa, mas a parte Física será sempre importante.
Mas se as academias repetirem os erros das Lan Houses, o futuro será apenas das Low Cost, ou pelo menos o futuro da lucratividade.
E que erros foram esses?
Falta de inovação;
Redução da entrega de valor;
Pouco investimento em formação da comunidade;
Falta de atenção para com novas tecnologias.
As Lan Houses se tornaram idênticas, com computadores velhos, internet lenta e donos desinteressados e sem inovação.
Uma coisa é certa, a necessidade dos nosso Clientes no Fitness vai aumentar muito.
Envelhecimento sem saúde é um problema ainda sem solução, mas para o qual nós potencialmente temos a resposta. Pena que, como indústria, estejamos olhando para o lado errado, da estética.
Inove, entregue valor e forme comunidades, faça isso usando tecnologia e gestão.
Abraços,
Fernando Teixeira
P.S.
"Aqueles que não conhecem a história estão fadados a repeti-la."
Edmund Burke